Lição 04 - Lições Espirituais do Pós-Jordão
Leitura Bíblica em Classe Josué 4.1-3; 5.2,3, 10-12..
Introdução:
I. Lições do memorial de pedras (4.1-24)
II. Lições de Gilgal (5.1-9)
III. As lições da visão de Josué (5.13-15)
Conclusão:
Autor deste comentário: Pr. Elienai Cabral (Autor das obras: O pregador Eficaz; A Síndrome do Canto do Galo; Mordomia Cristã, entre outros);
(o texto a seguir é extraído da obra que acompanha a lição do trimestre)
–Josué 4
“Deus se utiliza das grandes experiências para ensinar lições das quais jamais nos esqueceremos.”
A travessia do Jordão obedecia a uma orientação. A fé transformar-se-ia em ação. Josué tinha de dar o passo inicial em direção à conquista sonhada e desejada por todo o Israel. A ordem de saída da beira do rio Jordão começaria com um ato de fé tocando nas águas lodosas de um rio cheio. Estimava-se que o rio tivesse uma largura de 25 a 30 metros, tendo de 1 a 4 metros de profundidade. O fluxo do rio em sua correnteza era forte. Como interromper esse fluxo? Sem dúvida, era preciso um milagre! Independente dos que contrariam a possibilidade do milagre e levantam questões racionalistas para negar a evidência do mesmo, o milagre aconteceu, porque Deus, o Deus de Israel é Deus de maravilhas.
Depois de Israel ter passado o Jordão e ter experimentado as maravilhas do Deus Todo-poderoso, a conquista não estava completa. Novas experiências marcariam a vida de cada israelita em alguns eventos promovidos pelo seu líder Josué. Deus tinha preciosas lições para Israel a fim de confirmar no coração daquela geração vitoriosa a soberania de Deus. Em Israel, nas suas peregrinações, Deus sempre utilizava planos materiais que lembrasse a graça de Deus. No capítulo 4, Deus queria que o seu povo se lembrasse de suas misericórdias experimentando, cada pessoa do povo, sem esquecer uma só, a passagem pelo meio do rio. Com esta experiência, para ajudar a memória de todo o povo, Josué ordenou que se tirasse doze pedras do meio do rio para construir um memorial que servisse para as gerações futuras de Israel.
A Lição do Memorial de Pedras (Js 4.1-24)
A idéia básica de um memorial é a de manter viva a história de uma pessoa, de um povo, de um evento. Josué sabia da importância de um memorial para a história do seu povo, que ainda era muito vulnerável às circunstancias de sua peregrinação pelo deserto. Um memorial induz à reflexão e à lembrança do passado. Nenhum povo que se preze esquece o passado. Pelo contrário, fortalece o presente e anima para o futuro. Israel era um povo que ainda não tinha uma estrutura política e econômica. Sua vida religiosa era ainda vulnerável e dependia das intervenções divinas nas suas peregrinações para firmar-se como povo escolhido por Deus para representá-lo entre as nações. Por isso, carecia de memoriais que lembrasse da direção e do cuidado de Deus com Israel.
A Paixão que Domina o Coração de Josué
A liderança de Josué foi acatada por todos e eles obedeceram a voz de comando do grande líder. Josué, como líder tinha uma paixão pelo fazia porque estava alicerçado na convicção da presença imanente de Deus na sua própria vida e com o povo de Israel. A paixão de Josué fez com que ele acreditasse que o momento era chegado para a grande conquista e nada mais poderia detê-lo. Josué sabia que não podia titubear com qualquer decisão diante do povo. Todos estavam fitos nele, na sua liderança. Ele precisava acreditar no que estava para fazer. O povo o seguiria se visse nele paixão e convicção. O desafio que tinha a frente era humanamente impossível: atravessar aquele rio transbordando pelas ribanceiras. Josué foi capaz de romper e gerar uma verdadeira ruptura com o trivial, com aquilo que, racionalmente parecia ser melhor. O poder da paixão convicta em Deus fez a diferença, porque tornou possível o impossível. A orientação divina a Josué lhe deu forças íntimas capazes de superar toda a incredulidade do povo.
John Maxwell, em seu “Livro de ouro da liderança”, p.59, escreveu o seguinte: “Do que um líder precisa para ser bem-sucedido? Paixão. A paixão é o que distingue o extraordinário do comum”. A seguir, ele escreveu: “A paixão me capacitou a fazer o seguinte: acreditar no impossível; sentir o inesperado; tentar o inaudito; realizar sonhos; conhecer, motivar e liderar pessoas.”
Josué não tinha apenas “paixão” como uma virtude emocional de sua vida, mas sua paixão resultava de sua fé em Jeová, o Deus de sua vida e de seu povo. Por isso, ele se preocupou em manter viva a memória do povo ordenando a construção de dois memoriais para servirem de lembrança àquela geração e as gerações posteriores.
A Importância dos Memoriais (Js 4.3,9)
Para que serve um memorial? Qualquer nação que se preze ergue seus memoriais com símbolos e esculturas de seus líderes passados para que as gerações novas não fiquem alheias à história daquela nação. Um memorial é um relato concernente a fatos e eventos, ou mesmo, a pessoas que realizaram alguma obra de destaque. Josué entendeu que Israel não poderia jamais esquecer-se de que fora o Senhor quem os tirara do Egito, realizara todas as maravilhas na história deles e, naquele momento, era o Senhor quem abriu as águas do Jordão para que Israel passasse para o outro lado.
“Que vos significam estas pedras?” (4.6). Antes que o povo passasse para o outro lado do rio, todos veriam com seus próprios olhos a manifestação do poder de Deus. Quando os sacerdotes tocassem com os pés nas águas do Jordão, as águas que desciam parariam e fariam um montão de água bem distante do lugar onde estava o povo (Js 3.13-15).
Os versículos 3 e 9 declaram que Josué ordenou que se erguessem dois memoriais de pedras tiradas do meio do Jordão. A primeira ordem (Js 4.3) foi dada aos doze homens escolhidos, um de cada tribo de Israel, os quais tomariam, cada um deles uma pedra e as traria para fora do leito do Jordão. Essas pedras deveriam ser levadas para Gilgal, o lugar onde Israel habitou por algum tempo. A segunda ordem (Js 4.9) requeria que os doze homens voltassem ao leito ainda seco do rio, porque as águas ainda estavam paradas, e no lugar do assento dos pés dos sacerdotes levantassem um monte de outras doze pedras e deixassem naquele lugar do vau do Jordão, para servir de memorial a todo o povo. Toda vez que Israel olhasse para aquele montão de pedras lembraria a grande maravilha operada pelo Senhor em favor de Israel.
Como criaturas humanas, emocionalmente vulneráveis às circunstâncias que nos rodeiam, precisamos de marcas ou sinais visíveis e palpáveis que nos lembrem das boas e das más experiências vividas, para que aprendamos por elas as lições que nos amadurecidos para outros embates da vida. Temos memória curta e facilmente nos esquecemos. Por isso, Deus valoriza os memoriais para que a história se mantenha viva.
Para que Serviriam esses Memoriais? (Js 4.21)
O texto do versículo 21 diz: “Que significam estas pedras?”. Deus sempre teve o cuidado de lembrar a Israel as grandes operações milagrosas e os grandes livramentos durante sua vida no Egito e sua peregrinação no deserto. A Moisés, o líder que enfrentou as dificuldades de um povo desregrado e obstinado, Deus fez a advertência: “Guarda-te, para que não esqueças...” (Dt 6.12) Deus conhecia a índole e a vulnerabilidade de Israel. Ele sabia que um povo cuja história está sem memória facilmente desaparece. Na verdade, nossas memórias se desvanecem com muita rapidez! Facilmente nos esquecemos das obras de Deus a nosso favor, e Deus sabia que Israel poderia esquecer-se daquele milagre.
Josué queria que toda vez que Israel olhasse para aquele montão de pedras reunidas no meio do rio Jordão lembrasse que o Senhor os fez atravessar aquele rio em seco para que, do outro lado, soubesse que fora o Senhor quem lhe concedeu aquela vitória e quem os tirou da terra do Egito. Foi o Senhor quem os fez passar pelo meio do mar Vermelho; quem lhes deu provisão no meio do deserto e, por último, que os fez passar pelo meio do rio Jordão em seco, quando o mesmo estava inundado em todas as suas ribanceiras. O primeiro memorial ficaria no meio do rio e o segundo ficaria em Gilgal, lugar onde Deus ensinaria a Israel outra lição.
A Lição de Gilgal
Gilgal seria para Israel um lugar de boas e más recordações. O primeiro lugar próximo de Jericó onde Israel se acamparia foi Gilgal, e naquele lugar, Deus continuaria a operar maravilhas. Ao mesmo tempo seria um lugar de mudanças sociais e religiosas na vida de Israel.
Gilgal, um Lugar de Recordações (Js 4.3)
O segundo memorial estaria com Israel em Gilgal, lugar aproximado de Jericó, onde o povo estava acampado. Era um monumento de pedras tiradas do meio do rio Jordão para que se perpetuasse a memória daquele notável evento. Aquelas pedras tomadas do meio do rio Jordão e levadas nos ombros dos chefes de famílias de todas as tribos de Israel seriam postas num lugar alto em Gilgal como monumento comemorativo, que recordaria àquela geração e as gerações vindouras o milagre de Deus ao dividir o Jordão para que os filhos de Israel passassem em seco (Js 4.5-7). A consciência de Israel estaria sempre despertada para a memória das grandes operações sobrenaturais de Deus (Js 4.21-23).
A lição maior que aprendemos com a valorização das memórias para nossos dias é que devemos lembrar as gerações novas os fatos operados por Deus. Josué sabia que aquela geração não era a mesma que passou 40 anos no deserto. Era uma geração nova que precisava conhecer a história do seu povo. Quando não nos preocupamos em ensinar a Palavra de Deus aos nossos filhos, podemos assistir a degeneração dessa geração. Precisamos relembrar os valores que formaram os nossos fundamentos doutrinários e passar para as próximas gerações.
Nos tempos atuais a igreja de Cristo vem sendo solapada dos seus valores históricos com as inovações que deterioram os fundamentos históricos da igreja. Não me refiro às mudanças temporais que acontecem naturalmente em toda história, mas me refiro à destruição dos fundamentos teológicos sobre os quais a igreja foi construída teológica e doutrinariamente. A liderança atual da igreja precisa manter viva a história para as gerações novas a fim de que a igreja não perca o rumo para o qual foi direcionado desde o Dia de Pentecostes. Gilgal seria o lugar de recordações.
O texto de Josué 4.6,7 diz: “Para que isto seja por sinal entre vós; e, quando vossos filhos no futuro perguntarem, dizendo: Que vos significam estas pedras? Então lhes direis que as águas do Jordão se separaram diante da Arca do concerto do Senhor”. Temos, de fato, nesta escritura, um modelo didático empregado pelos antigos, o de pergunta e resposta. Esse modelo nos ensina que os pais são responsáveis de ensinar a seus filhos as coisas espirituais, lembrando-lhes da soberania divina em cuidar do seu povo. Quando percebemos, em nossos tempos modernos, novas lideranças pisando na história da igreja e querendo promover mudanças que afetam a estrutura teológica e eclesiológica da igreja, em nome da contextualização, precisamos acordar as memórias da igrejas para estas gerações. Os marcos antigos não podem e não devem ser tirados da memória da igreja. O sábio Salomão diz em Provérbios 22.28: “Não removas os limites antigos que fizeram os teus pais”.
Temos uma geração de líderes muito capaz, bem treinada, cheia de sonhos e de paixões ministeriais. Entretanto, se os mesmos não tiverem um mínimo de respeito pela história da igreja, poderão se perder nos labirintos das novas teologias e eclesiologias que nada têm com os fundamentos teológicos estabelecidos na Bíblia Sagrada. Josué se preocupou com a memória das futuras gerações do seu povo. Não precisamos ser retrógrados em querermos sustentar hábitos temporais que o tempo corrói, mas temos que sustentar os valores perpétuos e eternos da nossa doutrina que o tempo não corrói.
Gilgal, um Lugar de Santificação (Js 5.1-9)
Santificar significa separar. Na linguagem bíblica, a santificação implica em separar alguém ou algo para Deus. Em Gilgal Josué entendeu que os filhos de Deus precisavam da renovação do pacto com Deus por meio da circuncisão. O sonho da conquista da terra estava vinculado ao pacto abraâmico de que a semente de Abraão conquistaria a terra de Canaã (Gn 15). Esse pacto implicava em exclusividade, não apenas espiritualmente, mas significava produzir uma distinção física e ética, em que Israel fosse separado para viver e representar o Deus que o livrou do Egito e fez cumprir sua promessa a Abraão.
Desde que Israel havia saído do Egito, quarenta anos atrás, não havia sido praticado a circuncisão que era uma prática religiosa e de identidade étnica dos hebreus (Js 5.4-6). A geração nascida no deserto não havia cumprido o rito e, por isso, Josué descobriu um modo de manter aquela geração unida, levando todos os que não haviam sido circuncidados ao cumprimento do rito (Gn 17.1-17).
A circuncisão tinha um caráter físico e moral. Seu valor físico transcende os tempos e a medicina moderna reconhece a importância da circuncisão e denomina cientificamente como postectomia. A circuncisão implicava numa cirurgia física por um modo um tanto bruto, que se fazia com todo o macho de Israel. Era uma cirurgia física, com efeito higiênico, ético e moral que diferenciava todo israelita das demais pessoas do mundo. Os circuncidados “ficaram no seu lugar no arraial, até que sararam” (Js 5.8).
Esse ato de ficar no mesmo lugar até ser curado completamente do ato cirúrgico, nos dá uma lição importante. Quanta gente está no meio do povo de Deus cujo coração não é circuncidado. São aqueles que vem com todos os hábitos da velha vida, que não aprenderam a superar suas crises e precisa de um “Josué” que os circuncide, a fim de adquirirem os sinais que diferenciam um verdadeiro crente do ímpio. Outros estão na igreja como boas pessoas, mas sem compromisso com Cristo porque querem viver livres de qualquer compromisso. Cada israelita, ao ser circuncidado, tinha a marca de um israelita, da qual não podia livrar-se. Tinha que assumir com a vida moral, física e religiosa de Israel. Era um ato de separação, de santificação exclusiva para Deus.
A igreja de Cristo é o povo separado da vida do mundo e a circuncisão tem um sentido figurado na vida do cristão, porque é a circuncisão do coração operada pelo Espírito Santo.
Gilgal, um Lugar de Celebração (Js 5.10-12)
Desde que Israel saiu do Egito a Páscoa foi celebrada duas vezes apenas. A primeira celebração aconteceu na noite da libertação do Egito, com a morte dos primogênitos do Egito (Ex 12.1-12), e a segunda ocorreu junto ao Monte Sinai (Nm 9.5). Muitos anos se passaram sem qualquer celebração. Josué, trás à lembrança do povo e celebra com eles nas campinas de Jericó, precedendo o milagre que aconteceria não muito depois, quando Israel veria a queda dos muros de Jericó. Josué quis relembrar a Israel e ensinar à nova geração a história do sofrimento do cativeiro egípcio e sua grande libertação pela mão poderosa de Deus. Israel lembrava sua história com a morte de um cordeiro, do qual todos comiam assado com pães asmos e ervas amargas. A igreja lembra a morte do Cordeiro de Deus com a Santa Ceia, comendo do pão e bebendo do vinho, símbolos da carne e do sangue de Cristo (1 Co 11.23-34). Cristo é nossa Páscoa (1 Co 5.7).
Gilgal, um Lugar de Provisão (Js 5.11,12)
Depois da circuncisão da nova geração israelita e da celebração da Páscoa, os israelitas comeram “do fruto da terra”. Depois de haverem passado o Jordão, Israel experimentaria algo novo na sua jornada para Canaã. Não teriam mais “o maná” de todos os dias enquanto caminharam no deserto, mas agora poderiam comer do fruto da terra, colhendo trigo e cevada, que eram os grãos que podiam plantar e colher. Deus estava cumprindo a promessa, de muitos anos antes, de que comeriam das “novidades da terra de Canaã” (Ex 13.5; Js 5.12). Quando obedecemos a sua palavra, o Senhor nos dá toda a provisão necessária, tanto material como espiritual.
A Lição da visão que Josué teve (5.13-15)
Um dos modos especiais do qual Deus se utiliza para revelar sua vontade aos homens é por meio de visões e sonhos. Especialmente no Antigo Testamento este era um modo indireto de Deus falar aos seus servos.
Josué Tem uma Visão de Deus (v.13)
Josué teve, de fato, uma visão teofânica, porque o próprio Senhor tomou a forma visível de um militar celestial para se revelar a ele. Da palavra teofânica deriva o termo teofania. Portanto, teofania é a junção de duas palavras latinas: teo e fanis. O termo teo refere-se a pessoa de Deus e fanis significa “aparecer” ou “manifestar”. Portanto, a idéia que a palavra teofania sugere é a de uma manifestação visível de Deus. O personagem que apareceu a Josué apresentava-se como “príncipe do exército do Senhor” (Js 5.14). A maioria dos estudiosos entende e interpreta esse personagem como uma manifestação especial de Deus a Josué. O que leva a esta interpretação é o fato de “esse príncipe angelical” aceitou o ato de adoração da parte de Josué, o que um anjo comum jamais permitiria. Outrossim, Josué dirigiu-se a ele como “meu Senhor”.
Deus ainda Fala por meio de Visões
Esta forma teofânica de Deus falar aos seus servos em nossos tempos neo-testamentários não é uma regra para que Deus se manifeste, porque hoje temos o Espírito Santo que vive na sua Igreja. Das várias manifestações espirituais possíveis no Novo Testamento, as visões acontecem, tanto de anjos como do próprio Deus, conforme a necessidade e a utilidade de tais manifestações. A igreja não depende dessas manifestações para sobreviver. O Espírito Santo vive na igreja que é constituída dos membros do corpo de Cristo. Não há dúvida de que Deus opera como quer na vida da Igreja e não há nada que o impeça, nem bíblica nem extra-bíblico. Porém, o Espírito de Deus não extrapola os limites que Ele mesmo estabeleceu na sua Palavra. Ele não está confinado às paginas da Bíblia Sagrada, mas a Bíblia é revelação plena de tudo o que Deus quer que aconteça. Não falta nada, absolutamente nada! Deus ainda fala por meio de visões e revelações, mas não é uma regra para a manifestação espiritual por qualquer meio. Sua maior revelação é a própria Palavra e o Espírito Santo na vida dos crentes.
A Importância da Visão para Josué (Js 5.14,15)
Mais uma vez Deus confirma a liderança de Josué e lhe deixa vivo no coração e na sua mente de que todas aquelas proezas devem a glória ao Deus Todo-poderoso. Todo líder cristão precisa lembrar que sua liderança deve ser feita nos parâmetros da Palavra de Deus e que toda glória pertence ao Senhor. É interessante o como Deus se manifestou a Josué (Js 5.14). Aquele personagem não era um soldado comum, mas era uma figura extraordinária, por isso, identificou-se como um oficial militar celestial, e disse: “Venho agora como príncipe do Exército do Senhor”. Josué era um general no exército de Israel, mas aquele personagem era um general no exército celestial. Era, de fato, uma teofania! Era uma aparição do Filho de Deus (Jesus Cristo) na terra, antes de sua encarnação, como homem. A Abraão, esse personagem se apresentou como um visitante peregrino no deserto (Gn 18.1-3,22-33). A Jacó, ele apareceu como um anjo que lutou com ele (Gn 32.24-30). Aos jovens hebreus na fornalha ardente, ele apareceu como o quarto homem dentro da fornalha (Dn 3.23-26). Porém, a Josué, ele apareceu como oficial militar preparado para uma guerra (Js 5.13-15). Esse modo de aparição é possível, porque não há nada que impeça biblicamente, de que o Senhor tome uma forma especial humana para revelar sua vontade aos que o servem.
Quando eu tinha 11 anos de idade fui acometido pela gripe asiática que matou milhares de pessoas nos anos 50 do século passado. Eu estava no quarto de cima da casa pastoral onde minha família vivia. Meu pai era pastor em Rio do Sul, Santa Catarina e a casa pastoral ficava aos fundos do templo. Num domingo de manhã, eu estava em meu quarto, e passava bem, naquela manhã. O pior da virose já havia passado. Eu desejava estar com os outros meninos na Escola Dominical, mas estava fraco, e por isso, fiquei sozinho no meu quarto. De repente, ouvi o barulho de passos de alguém que subia a escada daquele sótão que apareceu na porta do quarto. Era um homem, que tinha a imagem cultural do que eu estava acostumado a ver nas figuras de flanelógrafos. Tinha cabelos grandes com roupas compridas. Seu olhar simpático e gracioso se cruzou com o meu olhar de menino. O personagem não disse uma só palavra, mas aproximou-se da minha cama e acariciou minha cabeça. Sorrindo, saiu suavemente e foi-se embora. Eu não estava com febre nem estava tendo qualquer alucinação. Na realidade, foi uma visão inesquecível que tive do meu Senhor, a quem sirvo até hoje.
A Liderança de Josué Teve a Aprovação de Deus (Js 5.15)
Josué ouviu do Senhor o sinal de aprovação pela sua liderança, assim como fez com Moisés (Êx 3.5). Aquele lugar onde Josué falou com o Senhor tornou-se lugar santo. O habito de tirar os sapatos nos santuários religiosos é normal nos países orientais. O lugar onde Deus está é sempre lugar santo. É lugar onde podemos falar com Deus e gozar da sua presença.
As grandes lições que Deus deu a Josué e ao povo de Israel foram o fruto das operações divinas.
FONTE: CPAD
Leitura Bíblica em Classe Josué 4.1-3; 5.2,3, 10-12..
Introdução:
I. Lições do memorial de pedras (4.1-24)
II. Lições de Gilgal (5.1-9)
III. As lições da visão de Josué (5.13-15)
Conclusão:
Autor deste comentário: Pr. Elienai Cabral (Autor das obras: O pregador Eficaz; A Síndrome do Canto do Galo; Mordomia Cristã, entre outros);
(o texto a seguir é extraído da obra que acompanha a lição do trimestre)
–Josué 4
“Deus se utiliza das grandes experiências para ensinar lições das quais jamais nos esqueceremos.”
A travessia do Jordão obedecia a uma orientação. A fé transformar-se-ia em ação. Josué tinha de dar o passo inicial em direção à conquista sonhada e desejada por todo o Israel. A ordem de saída da beira do rio Jordão começaria com um ato de fé tocando nas águas lodosas de um rio cheio. Estimava-se que o rio tivesse uma largura de 25 a 30 metros, tendo de 1 a 4 metros de profundidade. O fluxo do rio em sua correnteza era forte. Como interromper esse fluxo? Sem dúvida, era preciso um milagre! Independente dos que contrariam a possibilidade do milagre e levantam questões racionalistas para negar a evidência do mesmo, o milagre aconteceu, porque Deus, o Deus de Israel é Deus de maravilhas.
Depois de Israel ter passado o Jordão e ter experimentado as maravilhas do Deus Todo-poderoso, a conquista não estava completa. Novas experiências marcariam a vida de cada israelita em alguns eventos promovidos pelo seu líder Josué. Deus tinha preciosas lições para Israel a fim de confirmar no coração daquela geração vitoriosa a soberania de Deus. Em Israel, nas suas peregrinações, Deus sempre utilizava planos materiais que lembrasse a graça de Deus. No capítulo 4, Deus queria que o seu povo se lembrasse de suas misericórdias experimentando, cada pessoa do povo, sem esquecer uma só, a passagem pelo meio do rio. Com esta experiência, para ajudar a memória de todo o povo, Josué ordenou que se tirasse doze pedras do meio do rio para construir um memorial que servisse para as gerações futuras de Israel.
A Lição do Memorial de Pedras (Js 4.1-24)
A idéia básica de um memorial é a de manter viva a história de uma pessoa, de um povo, de um evento. Josué sabia da importância de um memorial para a história do seu povo, que ainda era muito vulnerável às circunstancias de sua peregrinação pelo deserto. Um memorial induz à reflexão e à lembrança do passado. Nenhum povo que se preze esquece o passado. Pelo contrário, fortalece o presente e anima para o futuro. Israel era um povo que ainda não tinha uma estrutura política e econômica. Sua vida religiosa era ainda vulnerável e dependia das intervenções divinas nas suas peregrinações para firmar-se como povo escolhido por Deus para representá-lo entre as nações. Por isso, carecia de memoriais que lembrasse da direção e do cuidado de Deus com Israel.
A Paixão que Domina o Coração de Josué
A liderança de Josué foi acatada por todos e eles obedeceram a voz de comando do grande líder. Josué, como líder tinha uma paixão pelo fazia porque estava alicerçado na convicção da presença imanente de Deus na sua própria vida e com o povo de Israel. A paixão de Josué fez com que ele acreditasse que o momento era chegado para a grande conquista e nada mais poderia detê-lo. Josué sabia que não podia titubear com qualquer decisão diante do povo. Todos estavam fitos nele, na sua liderança. Ele precisava acreditar no que estava para fazer. O povo o seguiria se visse nele paixão e convicção. O desafio que tinha a frente era humanamente impossível: atravessar aquele rio transbordando pelas ribanceiras. Josué foi capaz de romper e gerar uma verdadeira ruptura com o trivial, com aquilo que, racionalmente parecia ser melhor. O poder da paixão convicta em Deus fez a diferença, porque tornou possível o impossível. A orientação divina a Josué lhe deu forças íntimas capazes de superar toda a incredulidade do povo.
John Maxwell, em seu “Livro de ouro da liderança”, p.59, escreveu o seguinte: “Do que um líder precisa para ser bem-sucedido? Paixão. A paixão é o que distingue o extraordinário do comum”. A seguir, ele escreveu: “A paixão me capacitou a fazer o seguinte: acreditar no impossível; sentir o inesperado; tentar o inaudito; realizar sonhos; conhecer, motivar e liderar pessoas.”
Josué não tinha apenas “paixão” como uma virtude emocional de sua vida, mas sua paixão resultava de sua fé em Jeová, o Deus de sua vida e de seu povo. Por isso, ele se preocupou em manter viva a memória do povo ordenando a construção de dois memoriais para servirem de lembrança àquela geração e as gerações posteriores.
A Importância dos Memoriais (Js 4.3,9)
Para que serve um memorial? Qualquer nação que se preze ergue seus memoriais com símbolos e esculturas de seus líderes passados para que as gerações novas não fiquem alheias à história daquela nação. Um memorial é um relato concernente a fatos e eventos, ou mesmo, a pessoas que realizaram alguma obra de destaque. Josué entendeu que Israel não poderia jamais esquecer-se de que fora o Senhor quem os tirara do Egito, realizara todas as maravilhas na história deles e, naquele momento, era o Senhor quem abriu as águas do Jordão para que Israel passasse para o outro lado.
“Que vos significam estas pedras?” (4.6). Antes que o povo passasse para o outro lado do rio, todos veriam com seus próprios olhos a manifestação do poder de Deus. Quando os sacerdotes tocassem com os pés nas águas do Jordão, as águas que desciam parariam e fariam um montão de água bem distante do lugar onde estava o povo (Js 3.13-15).
Os versículos 3 e 9 declaram que Josué ordenou que se erguessem dois memoriais de pedras tiradas do meio do Jordão. A primeira ordem (Js 4.3) foi dada aos doze homens escolhidos, um de cada tribo de Israel, os quais tomariam, cada um deles uma pedra e as traria para fora do leito do Jordão. Essas pedras deveriam ser levadas para Gilgal, o lugar onde Israel habitou por algum tempo. A segunda ordem (Js 4.9) requeria que os doze homens voltassem ao leito ainda seco do rio, porque as águas ainda estavam paradas, e no lugar do assento dos pés dos sacerdotes levantassem um monte de outras doze pedras e deixassem naquele lugar do vau do Jordão, para servir de memorial a todo o povo. Toda vez que Israel olhasse para aquele montão de pedras lembraria a grande maravilha operada pelo Senhor em favor de Israel.
Como criaturas humanas, emocionalmente vulneráveis às circunstâncias que nos rodeiam, precisamos de marcas ou sinais visíveis e palpáveis que nos lembrem das boas e das más experiências vividas, para que aprendamos por elas as lições que nos amadurecidos para outros embates da vida. Temos memória curta e facilmente nos esquecemos. Por isso, Deus valoriza os memoriais para que a história se mantenha viva.
Para que Serviriam esses Memoriais? (Js 4.21)
O texto do versículo 21 diz: “Que significam estas pedras?”. Deus sempre teve o cuidado de lembrar a Israel as grandes operações milagrosas e os grandes livramentos durante sua vida no Egito e sua peregrinação no deserto. A Moisés, o líder que enfrentou as dificuldades de um povo desregrado e obstinado, Deus fez a advertência: “Guarda-te, para que não esqueças...” (Dt 6.12) Deus conhecia a índole e a vulnerabilidade de Israel. Ele sabia que um povo cuja história está sem memória facilmente desaparece. Na verdade, nossas memórias se desvanecem com muita rapidez! Facilmente nos esquecemos das obras de Deus a nosso favor, e Deus sabia que Israel poderia esquecer-se daquele milagre.
Josué queria que toda vez que Israel olhasse para aquele montão de pedras reunidas no meio do rio Jordão lembrasse que o Senhor os fez atravessar aquele rio em seco para que, do outro lado, soubesse que fora o Senhor quem lhe concedeu aquela vitória e quem os tirou da terra do Egito. Foi o Senhor quem os fez passar pelo meio do mar Vermelho; quem lhes deu provisão no meio do deserto e, por último, que os fez passar pelo meio do rio Jordão em seco, quando o mesmo estava inundado em todas as suas ribanceiras. O primeiro memorial ficaria no meio do rio e o segundo ficaria em Gilgal, lugar onde Deus ensinaria a Israel outra lição.
A Lição de Gilgal
Gilgal seria para Israel um lugar de boas e más recordações. O primeiro lugar próximo de Jericó onde Israel se acamparia foi Gilgal, e naquele lugar, Deus continuaria a operar maravilhas. Ao mesmo tempo seria um lugar de mudanças sociais e religiosas na vida de Israel.
Gilgal, um Lugar de Recordações (Js 4.3)
O segundo memorial estaria com Israel em Gilgal, lugar aproximado de Jericó, onde o povo estava acampado. Era um monumento de pedras tiradas do meio do rio Jordão para que se perpetuasse a memória daquele notável evento. Aquelas pedras tomadas do meio do rio Jordão e levadas nos ombros dos chefes de famílias de todas as tribos de Israel seriam postas num lugar alto em Gilgal como monumento comemorativo, que recordaria àquela geração e as gerações vindouras o milagre de Deus ao dividir o Jordão para que os filhos de Israel passassem em seco (Js 4.5-7). A consciência de Israel estaria sempre despertada para a memória das grandes operações sobrenaturais de Deus (Js 4.21-23).
A lição maior que aprendemos com a valorização das memórias para nossos dias é que devemos lembrar as gerações novas os fatos operados por Deus. Josué sabia que aquela geração não era a mesma que passou 40 anos no deserto. Era uma geração nova que precisava conhecer a história do seu povo. Quando não nos preocupamos em ensinar a Palavra de Deus aos nossos filhos, podemos assistir a degeneração dessa geração. Precisamos relembrar os valores que formaram os nossos fundamentos doutrinários e passar para as próximas gerações.
Nos tempos atuais a igreja de Cristo vem sendo solapada dos seus valores históricos com as inovações que deterioram os fundamentos históricos da igreja. Não me refiro às mudanças temporais que acontecem naturalmente em toda história, mas me refiro à destruição dos fundamentos teológicos sobre os quais a igreja foi construída teológica e doutrinariamente. A liderança atual da igreja precisa manter viva a história para as gerações novas a fim de que a igreja não perca o rumo para o qual foi direcionado desde o Dia de Pentecostes. Gilgal seria o lugar de recordações.
O texto de Josué 4.6,7 diz: “Para que isto seja por sinal entre vós; e, quando vossos filhos no futuro perguntarem, dizendo: Que vos significam estas pedras? Então lhes direis que as águas do Jordão se separaram diante da Arca do concerto do Senhor”. Temos, de fato, nesta escritura, um modelo didático empregado pelos antigos, o de pergunta e resposta. Esse modelo nos ensina que os pais são responsáveis de ensinar a seus filhos as coisas espirituais, lembrando-lhes da soberania divina em cuidar do seu povo. Quando percebemos, em nossos tempos modernos, novas lideranças pisando na história da igreja e querendo promover mudanças que afetam a estrutura teológica e eclesiológica da igreja, em nome da contextualização, precisamos acordar as memórias da igrejas para estas gerações. Os marcos antigos não podem e não devem ser tirados da memória da igreja. O sábio Salomão diz em Provérbios 22.28: “Não removas os limites antigos que fizeram os teus pais”.
Temos uma geração de líderes muito capaz, bem treinada, cheia de sonhos e de paixões ministeriais. Entretanto, se os mesmos não tiverem um mínimo de respeito pela história da igreja, poderão se perder nos labirintos das novas teologias e eclesiologias que nada têm com os fundamentos teológicos estabelecidos na Bíblia Sagrada. Josué se preocupou com a memória das futuras gerações do seu povo. Não precisamos ser retrógrados em querermos sustentar hábitos temporais que o tempo corrói, mas temos que sustentar os valores perpétuos e eternos da nossa doutrina que o tempo não corrói.
Gilgal, um Lugar de Santificação (Js 5.1-9)
Santificar significa separar. Na linguagem bíblica, a santificação implica em separar alguém ou algo para Deus. Em Gilgal Josué entendeu que os filhos de Deus precisavam da renovação do pacto com Deus por meio da circuncisão. O sonho da conquista da terra estava vinculado ao pacto abraâmico de que a semente de Abraão conquistaria a terra de Canaã (Gn 15). Esse pacto implicava em exclusividade, não apenas espiritualmente, mas significava produzir uma distinção física e ética, em que Israel fosse separado para viver e representar o Deus que o livrou do Egito e fez cumprir sua promessa a Abraão.
Desde que Israel havia saído do Egito, quarenta anos atrás, não havia sido praticado a circuncisão que era uma prática religiosa e de identidade étnica dos hebreus (Js 5.4-6). A geração nascida no deserto não havia cumprido o rito e, por isso, Josué descobriu um modo de manter aquela geração unida, levando todos os que não haviam sido circuncidados ao cumprimento do rito (Gn 17.1-17).
A circuncisão tinha um caráter físico e moral. Seu valor físico transcende os tempos e a medicina moderna reconhece a importância da circuncisão e denomina cientificamente como postectomia. A circuncisão implicava numa cirurgia física por um modo um tanto bruto, que se fazia com todo o macho de Israel. Era uma cirurgia física, com efeito higiênico, ético e moral que diferenciava todo israelita das demais pessoas do mundo. Os circuncidados “ficaram no seu lugar no arraial, até que sararam” (Js 5.8).
Esse ato de ficar no mesmo lugar até ser curado completamente do ato cirúrgico, nos dá uma lição importante. Quanta gente está no meio do povo de Deus cujo coração não é circuncidado. São aqueles que vem com todos os hábitos da velha vida, que não aprenderam a superar suas crises e precisa de um “Josué” que os circuncide, a fim de adquirirem os sinais que diferenciam um verdadeiro crente do ímpio. Outros estão na igreja como boas pessoas, mas sem compromisso com Cristo porque querem viver livres de qualquer compromisso. Cada israelita, ao ser circuncidado, tinha a marca de um israelita, da qual não podia livrar-se. Tinha que assumir com a vida moral, física e religiosa de Israel. Era um ato de separação, de santificação exclusiva para Deus.
A igreja de Cristo é o povo separado da vida do mundo e a circuncisão tem um sentido figurado na vida do cristão, porque é a circuncisão do coração operada pelo Espírito Santo.
Gilgal, um Lugar de Celebração (Js 5.10-12)
Desde que Israel saiu do Egito a Páscoa foi celebrada duas vezes apenas. A primeira celebração aconteceu na noite da libertação do Egito, com a morte dos primogênitos do Egito (Ex 12.1-12), e a segunda ocorreu junto ao Monte Sinai (Nm 9.5). Muitos anos se passaram sem qualquer celebração. Josué, trás à lembrança do povo e celebra com eles nas campinas de Jericó, precedendo o milagre que aconteceria não muito depois, quando Israel veria a queda dos muros de Jericó. Josué quis relembrar a Israel e ensinar à nova geração a história do sofrimento do cativeiro egípcio e sua grande libertação pela mão poderosa de Deus. Israel lembrava sua história com a morte de um cordeiro, do qual todos comiam assado com pães asmos e ervas amargas. A igreja lembra a morte do Cordeiro de Deus com a Santa Ceia, comendo do pão e bebendo do vinho, símbolos da carne e do sangue de Cristo (1 Co 11.23-34). Cristo é nossa Páscoa (1 Co 5.7).
Gilgal, um Lugar de Provisão (Js 5.11,12)
Depois da circuncisão da nova geração israelita e da celebração da Páscoa, os israelitas comeram “do fruto da terra”. Depois de haverem passado o Jordão, Israel experimentaria algo novo na sua jornada para Canaã. Não teriam mais “o maná” de todos os dias enquanto caminharam no deserto, mas agora poderiam comer do fruto da terra, colhendo trigo e cevada, que eram os grãos que podiam plantar e colher. Deus estava cumprindo a promessa, de muitos anos antes, de que comeriam das “novidades da terra de Canaã” (Ex 13.5; Js 5.12). Quando obedecemos a sua palavra, o Senhor nos dá toda a provisão necessária, tanto material como espiritual.
A Lição da visão que Josué teve (5.13-15)
Um dos modos especiais do qual Deus se utiliza para revelar sua vontade aos homens é por meio de visões e sonhos. Especialmente no Antigo Testamento este era um modo indireto de Deus falar aos seus servos.
Josué Tem uma Visão de Deus (v.13)
Josué teve, de fato, uma visão teofânica, porque o próprio Senhor tomou a forma visível de um militar celestial para se revelar a ele. Da palavra teofânica deriva o termo teofania. Portanto, teofania é a junção de duas palavras latinas: teo e fanis. O termo teo refere-se a pessoa de Deus e fanis significa “aparecer” ou “manifestar”. Portanto, a idéia que a palavra teofania sugere é a de uma manifestação visível de Deus. O personagem que apareceu a Josué apresentava-se como “príncipe do exército do Senhor” (Js 5.14). A maioria dos estudiosos entende e interpreta esse personagem como uma manifestação especial de Deus a Josué. O que leva a esta interpretação é o fato de “esse príncipe angelical” aceitou o ato de adoração da parte de Josué, o que um anjo comum jamais permitiria. Outrossim, Josué dirigiu-se a ele como “meu Senhor”.
Deus ainda Fala por meio de Visões
Esta forma teofânica de Deus falar aos seus servos em nossos tempos neo-testamentários não é uma regra para que Deus se manifeste, porque hoje temos o Espírito Santo que vive na sua Igreja. Das várias manifestações espirituais possíveis no Novo Testamento, as visões acontecem, tanto de anjos como do próprio Deus, conforme a necessidade e a utilidade de tais manifestações. A igreja não depende dessas manifestações para sobreviver. O Espírito Santo vive na igreja que é constituída dos membros do corpo de Cristo. Não há dúvida de que Deus opera como quer na vida da Igreja e não há nada que o impeça, nem bíblica nem extra-bíblico. Porém, o Espírito de Deus não extrapola os limites que Ele mesmo estabeleceu na sua Palavra. Ele não está confinado às paginas da Bíblia Sagrada, mas a Bíblia é revelação plena de tudo o que Deus quer que aconteça. Não falta nada, absolutamente nada! Deus ainda fala por meio de visões e revelações, mas não é uma regra para a manifestação espiritual por qualquer meio. Sua maior revelação é a própria Palavra e o Espírito Santo na vida dos crentes.
A Importância da Visão para Josué (Js 5.14,15)
Mais uma vez Deus confirma a liderança de Josué e lhe deixa vivo no coração e na sua mente de que todas aquelas proezas devem a glória ao Deus Todo-poderoso. Todo líder cristão precisa lembrar que sua liderança deve ser feita nos parâmetros da Palavra de Deus e que toda glória pertence ao Senhor. É interessante o como Deus se manifestou a Josué (Js 5.14). Aquele personagem não era um soldado comum, mas era uma figura extraordinária, por isso, identificou-se como um oficial militar celestial, e disse: “Venho agora como príncipe do Exército do Senhor”. Josué era um general no exército de Israel, mas aquele personagem era um general no exército celestial. Era, de fato, uma teofania! Era uma aparição do Filho de Deus (Jesus Cristo) na terra, antes de sua encarnação, como homem. A Abraão, esse personagem se apresentou como um visitante peregrino no deserto (Gn 18.1-3,22-33). A Jacó, ele apareceu como um anjo que lutou com ele (Gn 32.24-30). Aos jovens hebreus na fornalha ardente, ele apareceu como o quarto homem dentro da fornalha (Dn 3.23-26). Porém, a Josué, ele apareceu como oficial militar preparado para uma guerra (Js 5.13-15). Esse modo de aparição é possível, porque não há nada que impeça biblicamente, de que o Senhor tome uma forma especial humana para revelar sua vontade aos que o servem.
Quando eu tinha 11 anos de idade fui acometido pela gripe asiática que matou milhares de pessoas nos anos 50 do século passado. Eu estava no quarto de cima da casa pastoral onde minha família vivia. Meu pai era pastor em Rio do Sul, Santa Catarina e a casa pastoral ficava aos fundos do templo. Num domingo de manhã, eu estava em meu quarto, e passava bem, naquela manhã. O pior da virose já havia passado. Eu desejava estar com os outros meninos na Escola Dominical, mas estava fraco, e por isso, fiquei sozinho no meu quarto. De repente, ouvi o barulho de passos de alguém que subia a escada daquele sótão que apareceu na porta do quarto. Era um homem, que tinha a imagem cultural do que eu estava acostumado a ver nas figuras de flanelógrafos. Tinha cabelos grandes com roupas compridas. Seu olhar simpático e gracioso se cruzou com o meu olhar de menino. O personagem não disse uma só palavra, mas aproximou-se da minha cama e acariciou minha cabeça. Sorrindo, saiu suavemente e foi-se embora. Eu não estava com febre nem estava tendo qualquer alucinação. Na realidade, foi uma visão inesquecível que tive do meu Senhor, a quem sirvo até hoje.
A Liderança de Josué Teve a Aprovação de Deus (Js 5.15)
Josué ouviu do Senhor o sinal de aprovação pela sua liderança, assim como fez com Moisés (Êx 3.5). Aquele lugar onde Josué falou com o Senhor tornou-se lugar santo. O habito de tirar os sapatos nos santuários religiosos é normal nos países orientais. O lugar onde Deus está é sempre lugar santo. É lugar onde podemos falar com Deus e gozar da sua presença.
As grandes lições que Deus deu a Josué e ao povo de Israel foram o fruto das operações divinas.
FONTE: CPAD
Nenhum comentário:
Postar um comentário