Pr. Airton Evangelista da Costa
Além disso, dizem que o Filho de Deus é Senhor, Rei e Salvador. Acrescentam ainda que Ele liberta, é adorado pelos anjos e recebeu adoração durante Seu ministério terreno. Isto pode parecer estranho, uma vez que as Testemunhas de Jeová juram de pés juntos que não acreditam na divindade de Jesus.
Um modo objetivo e prático de fazermos apologética é examinarmos com cuidado o que os contradizentes dizem em caráter oficial. O exame e conseqüente refutação se tornam mais fáceis quando o grupo examinado usa a Bíblia como indicativo para suas doutrinas, a exemplo do Espiritismo e da Torre de Vigia. A partir daí, é só uma questão de hermenêutica. Esses dois grupos religiosos apresentam uma interpretação particular das Escrituras. O primeiro possui “Evangelho Segundo o Espiritismo”, escrito por Allan Kardec, em que alguns textos bíblicos são interpretados segundo a ótica da crença espírita. O segundo, a Torre de Vigia, possui a Tradução do Novo Mundo (TNM) em que muitos textos bíblicos foram modificados para se ajustarem aos seus ensinos. Isto ficou fartamente demonstrado em nosso estudo “Quem é Jesus para as Testemunhas de Jeová”.
No presente trabalho, colocaremos em evidência os versículos em que a Sociedade Torre de Vigia para Bíblias e Tratados, por descuido ou por um imperativo do próprio enunciado bíblico, deixou evidente que Jesus é o Deus encarnado, o Salvador, o Libertador, o Rei e Senhor. Portanto, analisemos o que está escrito na Tradução do Novo Mundo, documento oficial da Sociedade.
Jesus, digno de adoração
“Mas, ao trazer novamente o seu Primogênito à terra habitada, ele diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (TNM, edição de 1967 - Hb 1.6).
Então, Jesus é digno de adoração. Assim, Ele se iguala a Deus, pois está dito pelo próprio Jesus: “Somente a Deus adorarás” (Mt 4.10), e como tal está traduzido pela TNM. A bem da verdade, na edição de 1986, a Sociedade retificou o “engano”, e colocou assim: “E todos os anjos de Deus lhe prestem homenagem”. Foi a forma encontrada para amenizar a situação. Não adiantou a mudança. Quando Jesus disse que somente Deus é digno de adoração (Mt 4.10), confirmando Deuteronômio 6.13 e 10.20, foi empregado o mesmo termo proskuneõ que aparece nas situações em que Ele próprio foi adorado. “Prestar homenagem” e “receber adoração” são expressões sinônimas, a partir da tradução do termo proskuneõ. Maiores detalhes estão no artigo acima referido. O que ficou evidente foi o “descuido” da Sociedade ou falta de seriedade e justos critérios nas referidas traduções.
Jesus, Senhor e Deus
“Tomé disse-lhe: Meu Senhor e meu Deus” (TNM – Jo 20.28).
Não se pode interpretar essa afirmação como um “descuido” da Sociedade. A TNM registrou exatamente o que está na Bíblia Sagrada. Ao fazê-lo, concorda em que Tomé reconheceu achar-se diante do Verbo encarnado (Jo 1.1,14). As Testemunhas podem até alegar que essa declaração em nada compromete suas doutrinas, por tratar-se de uma opinião pessoal do apóstolo Tomé. Se pensam assim, ficam em condição desconfortável, por dois motivos. Primeiro, Jesus não refutou a declaração, da mesma forma como não recusou ser adorado como Deus. Ao contrário, Ele validou a crença do apóstolo: “Creste porque me viste?” (v.29). Segundo, porque “toda a Escritura é divinamente inspirada” (2 Tm 3.16).
Tudo indica não ter havido critérios bem definidos nessas traduções. Enquanto a declaração de Tomé foi transcrita na íntegra, a do apóstolo João sofreu alteração. Vejam: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um] deus” (Jo 1.1). Se os critérios fossem uniformes e justos, a TNM aceitaria a palavra de João, e teria registrado: “...e a Palavra [ou o Verbo] era Deus”. Outra incoerência foi registrar, como está na Bíblia, “Conosco está Deus”, ao referir-se a Jesus (Mt 1.23), e em 1 João 5.20, também se referindo a Ele: “Esse é o verdadeiro Deus e a vida eterna”.
Jesus, o Salvador
“Ao passo que aguardamos a feliz esperança e a gloriosa manifestação do grande Deus e [do] Salvador de nós, Cristo Jesus” (TNM - Tt 2.13).
“Porque hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo [o] Senhor” (TNM – Lc 2.11).
“Porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este homem certamente é o salvador do mundo” (TNM – Jo 4.42).
“De fato, assim vos será ricamente suprida a entrada no reino de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (1 Pe 1.11).
Vejam a tremenda confusão para adequar a Pessoa do Senhor Jesus à crença do grupo. No primeiro exemplo, Ele é nosso Salvador, porém distinto de Deus; no segundo, é o Senhor e um Salvador; no terceiro, é o salvador do mundo; no último, como que de joelhos diante da inerrante evidência bíblica, Ele é nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Notem que as Testemunhas admitem que o reinado é de Jesus. Existem dois salvadores? Deus-Jeová é Salvador, porém distinto de Jesus Cristo, também “o” Salvador?
Jesus, Senhor e Rei
“...até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo... o Rei dos que reinam e Senhor dos que dominam” (1 Tm 6.14-15; v.1 Pe 1.11, acima).
“Estes batalharão contra o Cordeiro, mas, porque ele é Senhor dos senhores e Rei dos reis, o Cordeiro os vencerá” (TNM – Revelação [Apocalipse] 17.14).
Existem dois reis num só reinado? O Rei Jeová-Deus e o Rei Jesus? Existem dois salvadores dos homens?
Jesus, o Libertador
“Portanto, se o Filho vos libertar, sereis realmente livres” (TNM – Jo 8.36). A Sociedade reconhece que Jesus é o nosso Libertador.
Se as Testemunhas de Jeová acreditam que a TNM é a expressão da verdade, por coerência deveriam admitir a divindade de Jesus Cristo. Ensinar uma coisa e sua Bíblia particular dizer outra, é algo realmente muito desgastante para o grupo. Não tivemos o propósito de esgotar o assunto. A Tradução do Novo Mundo é um terreno fértil para novas pesquisas e estudos.
Fonte: www.palavradaverdade.com
Um comentário:
Vamos nos aprofundar mais um pouco na Bíblia e analisar o sentido da palavra hebraica e grega usada nos textos citados.
Homenagem
Ato de se curvar, ajoelhar, prostrar ou de fazer outro gesto para indicar submissão; ou simplesmente demonstrar respeito. Em muitos casos, traduz adequadamente a palavra hebraica hish·ta·hhawáh e a grega pro·sky·né·o. Hish·ta·hhawáh significa, basicamente, “curvar-se”. (Gên 18:2) Curvar-se podia ser um ato de respeito ou deferência para com outro humano, tal como um rei (1Sa 24:8; 2Sa 24:20; Sal 45:11), o sumo sacerdote (1Sa 2:36), um profeta (2Rs 2:15) ou outra pessoa de autoridade (Gên 37:9, 10; 42:6; Ru 2:8-10), um parente mais idoso (Gên 33:1-6; 48:11, 12; Êx 18:7; 1Rs 2:19) ou mesmo para com estranhos, como expressão de cortesia (Gên 19:1, 2). Abraão curvou-se diante dos filhos cananeus de Hete, dos quais procurava comprar um lugar para sepultamento. (Gên 23:7) A bênção de Isaque sobre Jacó exigia que grupos nacionais e os próprios “irmãos” de Jacó se curvassem diante dele. (Gên 27:29; compare isso com 49:8.) Quando alguns homens passaram a curvar-se diante do filho de Davi, Absalão, este agarrava-os e beijava-os, evidentemente para promover suas ambições políticas por ostensivamente colocar-se no nível deles. (2Sa 15:5, 6) Mordecai negou-se a se prostrar diante de Hamã, não porque considerasse a prática errada em si, mas, sem dúvida, porque esta alta autoridade persa era por descendência um amalequita amaldiçoado. — Est 3:1-6.
À base dos exemplos acima citados, é evidente que este termo hebraico, em si, não necessariamente tem sentido religioso ou significa adoração. Não obstante, num grande número de casos, é usado com respeito a adoração, quer do verdadeiro Deus (Êx 24:1; Sal 95:6; Is 27:13; 66:23), quer de deuses falsos. (De 4:19; 8:19; 11:16) As pessoas talvez se curvassem em oração a Deus (Êx 34:8; Jó 1:20, 21) e freqüentemente se prostravam ao receber alguma revelação da parte de Deus, ou alguma expressão ou evidência de Seu favor, mostrando assim sua gratidão, reverência e submissão humilde à Sua vontade. — Gên 24:23-26, 50-52; Êx 4:31; 12:27, 28; 2Cr 7:3; 20:14-19; compare isso com 1Co 14:25; Re 19:1-4.
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