Combate à pedofilia: cavalo-de-tróia estatal contra a “homofobia” e a “intolerância religiosa”?
Campanha contra a pedofilia pode acabar fortalecendo entidades e medidas contra a “homofobia” e a “intolerância religiosa”
Julio Severo
O 3º Congresso Mundial de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que se realizou no Rio de Janeiro de 25 a 28 de novembro de 2008, deu certo, mas não no sentido exclusivo de que o governo aplicará tolerância zero para com criminosos sexuais contra crianças. Punições contra canais de televisão amigos do governo que veiculam imoralidades dia e noite? Nem pensar!
Embora o congresso tenha sido apresentado ao público como iniciativa para acabar com os crimes de pedofilia, o governo aparentemente o viu como oportunidade para fortalecer sua própria agenda.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, durante o 3º Congresso Mundial de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a SaferNet assinou acordo com a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (criadora e principal implementadora do programa Brasil Sem Homofobia) e a Polícia Federal para estabelecer uma central unificada de denúncias de crimes virtuais. Com tal medida, a PF terá acesso imediato ao banco de dados da SaferNet para apurar as denúncias. Diariamente, seis técnicos da Polícia Federal analisarão as denúncias recebidas pelo site da SaferNet.
A Safernet, uma ONG brasileira relativamente misteriosa cujo lema é “Protegendo os Direitos Humanos na Internet”, recebe diariamente 2,5 mil queixas, onde 63% tratam de pedofilia, e o restante envolve homofobia, intolerância religiosa e racismo.
Com a parceria do governo e Polícia Federal, a Safernet fará um mapeamento dos crimes contra os direitos humanos cometidos na internet, cujos dados ajudarão o governo federal a elaborar políticas públicas.
Embora inicialmente o acordo só envolva a pedofilia, a atuação da SaferNet não está limitada apenas a essa questão. Para a SaferNet, desrespeito aos direitos humanos se aplica não somente aos casos de pedofilia na internet, mas também aos casos de “homofobia” — rótulo politicamente correto aplicado a qualquer pessoa que expressar uma opinião filosófica, moral ou cristã contra a agenda gay — e de “intolerância religiosa” — termo usado com ampla e questionável interpretação, onde um cristão pode ser condenado meramente por expressar uma opinião contra os deuses falsos das religiões afros.
Uma atitude estatal correta seria buscar o apoio de uma entidade confiável que lida exclusivamente com a pornografia infantil. Contudo, o Estado astuto escolheu fortalecer uma ONG que está também envolvida em questões de forte interesse estatal, tais como combate à “homofobia” e à “intolerância religiosa”. Assim, ao fortalecer a SaferNet para combater a pornografia infantil, o Estado está inevitavelmente fortalecendo-a para melhor combater nas outras áreas também.
Por enquanto, a missão básica da SaferNet, de acordo com seu presidente Thiago Tavares, será ajudar a PF na busca dos criminosos virtuais na área da pedofilia. Mas a SaferNet continuará recebendo denúncias na área de “homofobia” e “intolerância religiosa”, monitorando e rastreando tais atividades e aguardando apenas o sinal verde do governo para poder atuar diretamente com a PF contra as pessoas que postam na internet textos contrários à agenda homossexual e às entidades espirituais das religiões afros.
A Safernet não precisará esperar muito tempo para agir em suas outras especialidades. Recentemente, um pastor pentecostal afro-descendente, que usou termos contra entidades do candomblé, foi denunciado por uma promotora por “intolerância religiosa”, e de forma semelhante um famoso padre, por ação de outro promotor, teve seu livro contra bruxaria confiscado na Bahia. Na questão da “homofobia”, meu blog foi interditado em julho de 2007 porque o Google do Brasil recebeu muitas reclamações de ativistas homossexuais. Desde 2006, os militantes gays usam regularmente o site da SaferNet para fazer denúncias contra o Blog Julio Severo.
O apoio do governo Lula à aprovação de leis “anti-homofobia” vem enfrentando resistência de católicos e evangélicos. Mas essa resistência morre e se transforma em apoio garantido quando Lula e seu governo pedem ajuda para combater a pedofilia, pois os cristãos são totalmente contra esse crime. Aliás, até mesmo o Senador Magno Malta, que fez uma brilhante oposição ao PLC 122/2006 — um terrível projeto de lei que representa uma forma de impor uma ditadura homossexual no Brasil —, criou a CPI da Pornografia, que em julho de 2008 deu à SaferNet a oportunidade de assinar acordo com o Ministério Público Federal para uma suspeita operação de vigilância na internet. O evangélico Magno Malta literalmente engoliu o cavalo-de-tróia como um peixe engole uma isca.
Por sua agenda polêmica que coloca em risco a segurança e os direitos de livre expressão dos cristãos, a SaferNet não é a organização mais adequada para lidar com uma assunto tão sério quanto direitos humanos na internet. No entanto, semelhante ausência de seriedade não foi mostrada pela bancada cristã no Congresso Nacional, cujos deputados Henrique Afonso, Miguel Martini, João Campos e Pedro Ribeiro entraram com ação judicial contra o Ministério da Saúde por publicar e distribuir nas escolas públicas “material com evidente conteúdo pornográfico, além de apresentar afirmações positivas e de apologia ao uso e consumo de drogas”.
Em sua ação, os deputados denunciam:
“No que se refere à parte das doenças sexualmente transmissíveis a Cartilha traz desenhos de pessoas tendo relação sexual (vaginal, anal e oral). Os desenhos são apelativos e de muito mal gosto e são, a nosso ver, uma verdadeira apologia à pornografia. Quando se fala do sexo anal, a figura representa a relação homossexual, ou seja, são dois homens em posição de relação sexual anal. Quando se refere ao sexo oral, são figuras de duas mulheres demonstrando o uso na língua na relação sexual”.
Em seguida, eles explicam:
“Entendemos que não havia nenhuma necessidade de ilustrar as variações das relações sexuais para que fossem compreendidas. As figuras, vistas por crianças e adolescentes causam impacto e desviam a atenção do conteúdo educativo. A exposição de crianças e adolescentes a este tipo de material é considerada por psicólogos e especialistas uma forma de abuso sexual e está muito distante do objetivo de educar”.
Se a exploração sexual de crianças é crime, então por que o governo joga gasolina no fogo da pornografia às crianças de escolas públicas? Depois que provoca o incêndio, o governo procura, com a ajuda da SaferNet, por outros culpados, que não sejam o próprio Estado.
O 3º Congresso Mundial de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que deveria ter fortalecido exclusivamente o combate à pedofilia, não somente favoreceu a SaferNet em sua ampla e questionável agenda, mas também deixou Lula à vontade para evitar a responsabilidade de seu próprio governo no abuso psicológico da sexualidade das crianças em escolas públicas. Em vez de olhar para a exploração sexual que seu próprio governo vem cometendo contra os alunos da educação pública, Lula preferiu criticar a “hipocrisia religiosa” em relação a temas ligados à educação sexual de crianças.
Assim, os cristãos que não colaboram para jogar gasolina na sexualidade das crianças são culpados de “hipocrisia” pelo santíssimo Lula. Semelhante esquizofrenia estatal ocorreu quando Lula lançou em julho de 2007 uma campanha para demonizar como violência o direito de os pais aplicarem disciplina física nos filhos. Para sua campanha anti-família, Lula escolheu como parceira Xuxa, que atuou num filme pornográfico de 1982, onde ela seduz um menino de 12 anos. (Ao lado, foto de Xuxa com o menino na cama.) Esse mesmo [des]governo, que distribui cartilhas pornográficas nas escolas, agora pretende combater a pedofilia…
O imperador Nero, que perseguia os cristãos, incendiou Roma e depois, rindo, jogou a culpa nos cristãos. Não há a menor dúvida de que as hábeis manobras para implantar leis contra a “homofobia” e contra a “intolerância religiosa” representam a montagem de um esquema moderno de perseguição aos cristãos. Só não dava para imaginar que o governo Lula poderia usar o combate à pedofilia como cavalo-de-tróia. Ao criticar a “hipocrisia religiosa” na questão da educação sexual das crianças e isentar seu próprio governo, Lula joga sobre os cristãos a culpa pelo incêndio sexual que está levando a sociedade brasileira a loucuras e crimes contra crianças e adolescentes.
Fonte: www.juliosevero.com
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