O que foi que eles fizeram?
Reinaldo Azevedo
Na noite de ontem, o Diretório Nacional do PT decidiu punir os deputados federais Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC). Por unanimidade, ambos tiveram seus direitos políticos suspensos por um ano e 90 dias, respectivamente. Não poderão votar nem ser votados nas instâncias partidárias ou discursar em nome do partido. É possível que Bassuma, nessas condições, não consiga nem mesmo se candidatar à reeleição. Uau! Será que este partido está, finalmente, se emendando? Afinal, o que ambos fizeram? Abaixo, segue um diálogo imaginário com um leitor otimista. Ele pergunta (em negrito) e eu respondo.
— Será, Reinaldo, que eles foram pegar dinheiro de Marcos Valério no Banco Rural?
— Besteira! Isso é permitido. Não dá punição.
— Então usaram recursos “não contabilizados” de campanha. Acertei?
— Bobagem! Isso é do jogo. Como você sabe, a campanha de Lula foi paga em moeda estrangeira, no exterior, com dinheiro de origem desconhecida.
— Já sei! Então integraram algum grupo de aloprados para fazer um dossiê falso contra adversários! Na mosca?
— Claro que não! Integrar grupo de aloprados é coisa tão importante, que todos aqueles que participaram daquela aventura eram do entorno do próprio presidente Lula. É coisa para gente graduada.
— Ah, então vamos ver: usaram, sei lá, a estrutura de um ministério, da Casa Civil por exemplo, para fazer outro dossiê contra adversários do governo.
— Errado! Quem faz isso acaba sendo considerado candidato natural à Presidência da República. Isso rende promoção no PT, jamais punição.
— Ah, então vai ver eles violaram o sigilo bancário de um caseiro. Coisa feia!
— Tolice. Isso não tem importância. Quem dá bola para caseiro?
Que diabo, então, fizeram esses dois para que toda a cúpula petista, sem exceção, decidisse ser tão severa? Bem, eles resolveram tornar pública a sua posição contrária à descriminação do aborto. Vocês entenderam direito e não precisam ler de novo. Alguns pecadilhos, no PT, como os listados acima, não têm grande importância. Mas defender o direito de um feto à vida, a depender de como seja feito, é incompatível com a ética petista. Eu já desconfiava que fosse assim. De fato, não sei o que ambos fazem no PT sendo o partido tão escancaradamente favorável à descriminação do aborto.
Como a gente nota, no PT, os que cometeram todos aqueles crimes, merecem uma segunda chance. Mas o feto não merece a única chance que tem. É a forma que a esquerda tem de ser humanista, de ser progressista. A direção recomendou ainda que Afonso não seja reconduzido à Comissão de Seguridade Social e da Família na Câmara dos Deputados. Só pode pertencer a uma comissão de família quem é favorável à morte dos fetos, entenderam?
É o PT aplicando o seu Código de Ética. Ele comporta, por exemplo, Ideli Salvatti a defender Sarney com todos os “esses” e “erres”, mas não parlamentares que participam de uma marcha contra o aborto. Vejam que engaçado: a tal manifestação, sabe-se, teve o apoio de uma ONG que conseguiu dinheiro público para a sua realização etc — vocês conhecem aquela rotina típica de petistas e ONGs. Pô, aí já é demais, não é? Dinheiro público bem utilizado é aquele que financia marchas em defesa do aborto.
Um dia essa gente há de encontrar o lugar certo na história. Que seja logo!
Fonte: Blog Reinado Azevedo
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