Sobre o Vestuário
John Wesley
Sermão 88
"Quanto ao adorno, que ele não seja aquele enfeite exterior – do
uso de ouro, ou o luxo dos vestidos: 'mas o do íntimo do coração, naquele que
não é corruptível, como o ornamento de um espírito manso e tranqüilo, que, às
vistas de Deus, é de grande preço'".
(I
Pedro 3:3-4)
As palavras de Paulo são: (I Timóteo 2:9-10) "Eu quero que as mulheres se adornem com modestos; não com ouro, ou pérolas, ou vestidos custosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras".
A questão é: Que dano causa, nos enfeitarmos com ouro, ou pérolas, ou vestuário suntuoso, supondo-se que você possa se permitir isto; ou seja: suponha que isto não fira ou empobreça sua família?
O primeiro dano, é produzir orgulho, e, onde ele já existe, aumentá-lo. Quem quer que estritamente observe o que se passa em seu próprio coração, facilmente irá discernir isto. Nada é mais natural pensar, do que nos considerarmos melhores, porque estamos vestidos em melhores roupas; e dificilmente é possível a um homem usar de vestuário custoso, sem, em alguma medida, valorizar-se por causa dele.
Em Segundo Lugar. O usar de vestuário vistoso e valioso,
naturalmente tende a alimentar e aumentar a vaidade. Por vaidade, eu quero
dizer aqui, o amor e desejo de ser admirado e elogiado. Cada um de vocês que é
afeiçoado ao vestuário tem um testemunho disto, em seu próprio peito. Quer você
confessará isto diante de homem ou não, você está convencido disto, perante
Deus. Você sabe em seu coração, que foi com a intenção de ser admirado que você
adornou-se desta forma; e que você não estaria aflito, se ninguém tivesse visto
você, a não ser Deus e seus anjos santos. Agora, quanto mais você favorece este
desejo tolo, mais ele cresce em você. Você tem vaidade suficiente pela
natureza: mas, por favorecê-la desta forma, você a aumentar centena de vezes. Ó,
pare! Anseie por agradar a Deus apenas, e todos esses ornamentos cairão.
Do que o ouro ou pérolas, muito mais
precioso,
E mais brilhante do que a estrela da manhã.
Nada pode
facilmente conceber, exceto se ele mesmo fizesse o triste experimento, o
antagonismo que existe entre o "adorno
exterior", e esta "quietude"
interior "do espírito". Você nunca poderá desfrutar totalmente disto,
enquanto você estiver afeiçoado ao outro. Apenas, quando você se livra daquele "ornamento exterior", é que
você pode, "na perseverança, possuir
sua alma". Então, somente quando você tiver se livrado de sua afeição
pelo vestuário, a paz de Deus reinará em seu coração.
Em Quarto Lugar. O
vestuário vistoso e valioso diretamente tende a criar e inflamar a luxúria. Eu
estive em dúvida, se nomeio isto de apetite brutal; ou, com o objetivo de
poupar os ouvidos delicados, o represento, através de algum gentil
circunlóquio. (Como o Deão, que, alguns anos atrás, disse à sua audiência, em
Whitehall: "Se você não se
arrepender, você irá para um lugar que eu tenho muitas maneiras de chamar,
diante desta boa companhia").
Mas eu penso que seja melhor declarar; uma vez que quanto mais a palavra choca
seus ouvidos, mais ela pode fortalecer seu coração. O fato é claro e inegável;
ele tem este efeito, tanto em quem usa, quanto em quem observa.
Em Quinto Lugar: O usar de vestuário
luxuoso é diretamente contrário ao ser adornado com as boas obras. Nada pode
ser mais evidente do que isto: porque, quanto mais você gasta com seu próprio
vestuário, menos você tem restante para vestir o nu, alimentar o faminto,
abrigar os estranhos, aliviar aqueles que estão doentes, e na prisão, e
diminuir as inúmeras aflições às quais somos expostos neste vale de lágrimas. E
aqui não existe lugar para a evasão usada antes: "Eu posso ser tão humilde, ao vestir de outro, como em
aniagem". Se você pudesse ser
tão humilde, quando você escolhe o vestuário suntuoso, assim como, quando você
escolhe o vestuário simples (o que eu positivamente nego), ainda assim você não
poderia ser tão beneficente, -- tão abundante em boas obras. Cada xelim que
você poupa de seu próprio vestuário, você pode gastar em vestir o nu, e aliviar
as várias necessidades do pobre, quem vocês "têm
sempre consigo". Portanto, cada xelim que você gasta
desnecessariamente em seu vestuário, e, em efeito, roubado do pobre! E de
quantas oportunidades preciosas de fazer o bem, você tem se privado? Quão
freqüentemente, você tem se incapacitado de fazer o bem, adquirindo o que você
não precisava! Para qual finalidade você comprou esses ornamentos? Para agradar
a Deus? Não; mas para agradar sua própria fantasia; ou para ganhar a admiração
e aplauso daqueles que não eram mais sábios do que você mesmo. Quanto bem você
teria feito com aquele dinheiro! E que perda irreparável tem você sustentado,
ao não fazer isto, se for verdadeiro que o dia está à mão, quando "cada homem receberá sua própria
recompensa, de acordo com seu próprio trabalho!".
Em Sexto Lugar. O utilizar-se de
vestuário luxuoso, é diretamente contrário ao que o Apóstolo denomina de "o secreto do coração do homem";
ou seja, toda a "imagem de
Deus", na qual fomos criados, e que está estampada, mais uma vez, no
coração de cada crente cristão; -- contrário "à mente que estava em Jesus Cristo", e toda a natureza e
santidade interior. Todo o tempo em que você é levado em consideração, neste
adorno exterior, a completa obra interior do Espírito permanece imóvel; ou
antes, retrocede, embora, pelos mesmos graus sutis e quase imperceptíveis. Em
vez de crescer mais bem-intencionado, você está mais e mais mal-intencionado.
Se você, alguma vez, teve camaradagem com o Pai e o Filho, isto agora
gradualmente declina; e você inconscientemente afunda, mais e mais fundo no
espírito do mundo, -- nos desejos tolos e prejudiciais, e apetites rastejantes.
Todos esses males, e milhares mais, brotam de uma única raiz: -- a indulgência
consigo mesmo quanto ao vestuário luxuoso.
Divulgação: www.jorgenilson.com
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