A Disciplina Física Deve Ser Proibida?
O Ataque Contra a Autoridade dos Pais
Albert Mohler
A disciplina física está novamente nos noticiários, e os pais têm todo motivo para se preocupar, pois os fanáticos antidisciplina não descansarão até que o castigo físico seja proibido em toda a sociedade. Nas semanas recentes, a questão da disciplina física ganhou a atenção pública em Brookline, Massachusetts, EUA, e na Inglaterra. Uma campanha planejada por indivíduos que se consideram especialistas em questões de crianças foi iniciada com o objetivo de subverter os direitos dos pais e a autoridade dos pais eliminando a disciplina e substituindo-a por um relacionamento de negociação entre pais e filhos.
Na cidade de Brookline, EUA, os cidadãos debateram a questão da disciplina física numa reunião municipal depois que o residente Ronald Goldman convenceu os vereadores a propor uma medida “recomendando” que os pais deviam parar de disciplinar seus filhos com surras. De acordo com Goldman, sua meta era respeito mútuo entre pais e filhos. Goldman, que não tem filho algum, disse que nunca foi surrado quando era criança. Apesar disso, ele ficou interessado em castigo físico enquanto fazia pesquisa em busca do diploma de doutor em psicologia. Soa um pouco estranho? De fato, na liberal cidade de Brookline, Massachusetts, a cruzada de Goldman contra o castigo físico se encaixa no perfil do politicamente correto.
A colunista Margery Eagan do jornal Boston Herald diz que Brookline não é só uma cidade anti-surras, mas também uma “cidade antidisciplina”. Eagan deu uma informação hilariante de mães de Brookline que resistiram. Essas mães, ofendidas pela má conduta de outras crianças, quieta e secretamente disciplinam os próprios filhos. Como uma mãe relatou: “Para ir ao MacDonald’s, visto um chapéu e óculos escuros”.
É claro que tudo isso está em conformidade com a perspectiva e cultura liberal de Brookline. Certa mãe, Monique Spencer, contou acerca de vizinhos que não queriam permitir que os filhos a visitassem por causa de um forno microondas na casa. Ela também contou de uma situação em que ela deu de presente brinquedinhos movidos à pilha num evento recente. “Uma mãe veio até mim transtornada e disse: ‘Quero que você saiba que não temos pilhas em nossa casa… Somos antipilhas’”.
E então a multidão antipilha, antiforno microondas e anti-sova se ajuntou na reunião da Prefeitura de Brookline, em que cidadãos votaram 105 a 78 para não adotar a proposta de Goldman. Richard Wheeler, advogado de bens imobiliários, propôs adiar a medida indefinidamente, argumentando que a disciplina física “é uma questão de liberdade pessoal e escolha pessoal”. Wheeler também disse: “Senti que não era conveniente uma reunião municipal interferir nas decisões dos pais”. Os comentários de Wheeler indicam que em Brookline há ainda alguma aparência de bom senso, ainda que fraco.
A controvérsia sobre a disciplina física não se limitou a Brookline, uma cidade que quer ficar na moda. No começo de 2004, o Supremo Tribunal do Canadá conteve uma campanha para proibir a disciplina física de crianças canadenses. Apesar disso, o Parlamento Canadense provavelmente discutirá a questão em futuro próximo, com entidades de direitos humanos fazendo intensa pressão sobre os parlamentares a fim de mudarem as leis do Canadá, de modo que proíbam todo castigo físico nas províncias canadenses.
A disciplina física já é proibida na Suécia, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Áustria, Chipre, Croácia e Látvia. As nações que estão estudando medidas para proibir o castigo físico incluem Itália, Alemanha, Bulgária, Bélgica e a República da Irlanda. Quem está por trás da maior parte dessa campanha é o Comitê da ONU sobre os Direitos das Crianças, que está pressionando os países a proibir todo castigo físico ou enfrentarem condenação e críticas públicas. Os ativistas antidisciplina afirmam que a Convenção da ONU sobre os Direitos das Crianças exige que todo castigo físico seja proibido no mundo inteiro.
No momento, o governo britânico está para lidar com a disciplina física, e a Igreja da Inglaterra parece estar se juntando à tendência antidisciplina. A questão da disciplina recebeu bastante atenção na Inglaterra, com um caso notório que resultou num pai sendo processado por um tribunal internacional simplesmente porque ele disciplinou seu filho fisicamente.
Kenneth Stevenson, bispo de Portsmouth, está liderando a campanha na Inglaterra para remover das leis britânicas a concessão de “castigo razoável”.
O governo britânico até agora não quer dar apoio a uma proibição total às surras (conhecidas lá como bater com a mão aberta), mas com o apoio da Igreja Católica Romana, da Igreja da Inglaterra e das igrejas metodistas, a proposta para proibir a disciplina não morrerá tão cedo.
Uma compreensão adequada dessa questão começa com uma simples pergunta — como Deus instruiria os pais a disciplinar seus filhos?
A Bíblia apresenta uma mensagem bem clara e equilibrada sobre a necessidade absoluta de os pais disciplinarem os filhos. Os pais têm a obrigação de ensinar e exigir obediência de seus filhos. A questão da obediência está no próprio centro da preocupação da Bíblia com a obediência à autoridade e instrução no que é certo diante de Deus.
Os pais têm uma responsabilidade inescapável de disciplinar seus filhos ao mesmo tempo em que devem criá-los, educá-los e admoestá-los no Senhor. A atitude negligente de não exigir obediência é caracterizada na Bíblia como fracasso trágico dos pais. Aliás, os pais que não exigem obediência de seus filhos estão demonstrando desobediência aos mandamentos de Deus.
A Bíblia instrui os pais a surrar seus filhos? A resposta a essa pergunta deve ser um enfático Sim. Embora as palavras “poupe a vara e estrague a criança” não apareçam nos textos da Bíblia, a Bíblia usa o mesmo argumento de um modo inquestionável. “Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá”, instrui Provérbios 23:13. O próprio versículo seguinte ensina que o uso da disciplina física poderá realmente resgatar a alma da criança do inferno.
A perspectiva bíblica começa com uma compreensão diametralmente oposta à mentalidade secular de hoje. Influenciadas pela psicologia humanista, a maioria das pessoas supõe que a criança nasce essencialmente inocente de todo pecado e culpa todas as transgressões subseqüentes nos efeitos prejudiciais da socialização e má influência. É claro que a Bíblia ensina que as crianças nascem pecadoras que por toda a vida precisarão de disciplina. No caso das crianças, isso significa disciplina física e castigo físico. Provérbios 22:15 declara: “A insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela”.
A principal causa da epidemia moderna de crianças fora do controle é a negligência de os pais disciplinarem seus filhos. Os modernos defensores da aplicação de suspensão das brincadeiras e formas semelhantes de disciplina evitam o propósito essencial de Deus, que quer que uma surra enfatize o relacionamento causa-efeito da desobediência e castigo. Um castigo rápido e firme aplicado pelos pais é o meio necessário de ensinar as crianças que sua desobediência não será permitida, e que elas serão levadas a um comportamento de obediência, de um jeito ou de outro.
É claro que a Bíblia se refere a castigo físico punitivo, não a abuso nocivo. Os pais precisam aprender o método de surrar de modo imparcial e justo, nunca utilizando uma surra como demonstração de ira ou raiva. Como ato imparcial e justo, a surra deve ser administrada de um jeito sério, particular e equilibrado pelos pais que ensinam que esse castigo é necessário para o ato específico de desobediência. A surra é imparcial e justa no sentido de que não é resultado da perda do controle emocional dos pais, nem das idéias excêntricas dos pais, mas de necessidade moral.
Naturalmente, os pais precisam causar suficiente dor para deixar bem claro o objetivo, e garantir que a criança tenha medo do castigo. O próprio ato de surrar sustenta a disciplina dos pais e torna o espírito da criança humilde. A dor é real, mas temporária. A lição deve ser igualmente real — e bem mais duradoura.
A disciplina saudável deve emergir de uma vida familiar saudável e do relacionamento de amor entre os pais e os filhos. Os pais tentados a achar um método mais fácil ou menos controverso de disciplina precisam compreender que a suspensão das brincadeiras e apenas ensinar com palavras geralmente não produzem nada e frustram mais do que qualquer outra coisa.
Os ataques contra a disciplina física são ataques claramente disfarçados contra a autoridade dos pais. Se o atual modismo antidisciplina continuar, os pais cristãos poderão se achar forçados a escolher entre obedecer à lei do país ou a lei de Deus. Quem é que podia imaginar que desempenhar o papel de pai e mãe no século XXI exigiria tal coragem?
Traduzido e adaptado por Julio Severo: www.juliosevero.com.br
Fonte: http://www.albertmohler.com/commentary_read.php?cdate=2004-06-22
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