Reinaldo Azevedo
Por Reinaldo Azevedo
Fonte: Veja
Divulgação: www.jorgenilson.com
Duas fotos, dois protestos; um é democracia; o outro é gritaria fascistoide. Ou: O regime democrático, a forma e o conteúdo
Vejam estas duas fotos.
A primeira retrata militantes cobrando, a seu modo, a
saída do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) da Comissão de Direitos Humanos e
Minorias da Câmara. A segunda registra o protesto pacífico e silencioso feito
por um grupo de evangélicos, nesta quarta, na Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) da Casa. Eles pedem que os condenados João Paulo Cunha e José Genoino
deixem a CCJ.
E aí?
Muitos são contrários à permanência de Feliciano numa comissão. Muitos são contrários à permanência de João Paulo e Genoino na outra comissão. Muitos gostam de Chicabon. Outros preferem o sorvete que é de uva… Na democracia, respeitados os parâmetros constitucionais, a forma é mais importante do que o conteúdo. Na democracia, as pessoas divergem sobre conteúdos e concordam na forma. A alternativa é o estado da natureza, todos contra todos. “Então, sendo educadinho, tudo pode?”, pergunta o petralha anarfa. Não! Estabeleci ali o limite na oração subordinada adverbial condicional reduzida de particípio: “respeitados os parâmetros”. Para entender o que escrevo, petralhas, é preciso ficar atento às sutilezas das reduzidas de particípio! Na língua, o conteúdo é tão importante quanto a forma.
Muitos são contrários à permanência de Feliciano numa comissão. Muitos são contrários à permanência de João Paulo e Genoino na outra comissão. Muitos gostam de Chicabon. Outros preferem o sorvete que é de uva… Na democracia, respeitados os parâmetros constitucionais, a forma é mais importante do que o conteúdo. Na democracia, as pessoas divergem sobre conteúdos e concordam na forma. A alternativa é o estado da natureza, todos contra todos. “Então, sendo educadinho, tudo pode?”, pergunta o petralha anarfa. Não! Estabeleci ali o limite na oração subordinada adverbial condicional reduzida de particípio: “respeitados os parâmetros”. Para entender o que escrevo, petralhas, é preciso ficar atento às sutilezas das reduzidas de particípio! Na língua, o conteúdo é tão importante quanto a forma.
Os evangélicos disseram o que pensam.
Os evangélicos não impediram os trabalhos.
Os evangélicos se opuseram à presença dos dois condenados, mas respeitaram o Congresso, que é maior do que Feliciano, que é maior do que João Paulo e Genoino, que é maior do que os evangélicos, que é maior do que os católicos, que é maior do que os gays, que é maior do que criminosos sacramentados pela Justiça, que é maior do que as corporações de ofício, que é maior dos que as corporações de gosto…
Os evangélicos não impediram os trabalhos.
Os evangélicos se opuseram à presença dos dois condenados, mas respeitaram o Congresso, que é maior do que Feliciano, que é maior do que João Paulo e Genoino, que é maior do que os evangélicos, que é maior do que os católicos, que é maior do que os gays, que é maior do que criminosos sacramentados pela Justiça, que é maior do que as corporações de ofício, que é maior dos que as corporações de gosto…
Dá para entender a diferença entre a democracia e a
bagunça fascistoide? Dá para entender a diferença entre quem é contra o que o
outro pensa ou representa e se manifesta de forma pacífica e quem tenta
intimidar, calar, agredir, enxotar?
Dicas e perguntasFiquem atentos.
Será que essa manifestação silenciosa vai parar na primeira página dos jornais?
Se não for, é sinal de que, entre o protesto democrático e as falanges
fascistoides, os jornais escolheram a segunda alternativa, e aí é hora de você
escolher melhor os jornais. Será que essa manifestação silenciosa vai parar nas
televisões? Se não for, é sinal de que, entre o protesto democrático e as
falanges fascistoides, as televisões escolheram a segunda alternativa, e aí é o
caso de escolher melhor a TV. Mais dia, menos dia, chegará a hora de discutir o
“controle da mídia”. Os meios de comunicação podem estar, também eles,
escolhendo a interlocução: truculência, gritaria, xingamento, demonização do
outro… ou democracia.
“Não respondo a provocação”,
afirmou Genoino, segundo leio na Veja.com, ao deixar rapidamente o
plenário. Provocação? Qual provocação?
Quero encerrar deixando bem claro uma coisa: eu não estou
igualando as duas situações porque igualáveis elas não são. José Genoino foi
condenado em última instância por corrupção ativa e formação de quadrilha. João
Paulo Cunha foi condenado em última instância por corrupção ativa, peculato e
lavagem de dinheiro. Feliciano não foi condenado por nada até agora, em
instância nenhuma. Concorde-se ou não com o que ele pensa, e eu não concordo,
sua presença numa comissão não é afronta nenhuma à democracia. As de João Paulo
e Genoino são um escárnio. Um futuro presidiário e outro que só não irá em cana
porque inexistem instituições para o regime semiaberto no país julgarem a
constitucionalidade e a justiça de dispositivos legais é coisa de republiqueta,
de país bananeiro, de nação controlada por uma súcia.
Parabéns aos evangélicos. É assim que se
faz.
Fonte: Veja
Divulgação: www.jorgenilson.com
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