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7 de abr. de 2013

Dois flagrantes da imprensa: Feliciano, a “Geni” do Brasil, e Genoino, o pensador garboso. Quem é mesmo o condenado?


Dois flagrantes da imprensa: Feliciano, a “Geni” do Brasil, e Genoino, o pensador garboso. Quem é mesmo o condenado?




Dois textos publicados em sites de grandes jornais chamaram a minha atenção nesta sexta. Um, do Globo Online, foi ao ar às 17h35 e tinha como protagonista o deputado Marco Feliciano (PSC-SP); o outro, da Folha Online, das 19h56, dava destaque ao deputado José Genoino (PT-SP). Vejam as imagens. Volto em seguida.
VolteiUm estrangeiro que não soubesse nada sobre o Brasil e não lesse português certamente ficaria com a impressão de que é Feliciano, não Genoino, o homem público condenado pela Justiça por corrupção ativa e formação de quadrilha.
Escrevi ontem um longo texto — mais um! — sobre a imprensa, o adernamento politicamente correto do noticiário, o desprezo a alguns valores fundamentais da democracia e do estado de direito em favor de grupos militantes, a adesão à agenda oficialista, a impressão, em suma, que passa esse noticiário de que não existem divergências na sociedade brasileira — a não ser alguns homens maus, que merecem ser linchados.
O Globo reproduzia texto assinado por Baggio Talento, da agência de notícias “A Tarde”, da Bahia. O tom é pra lá de militante. Segue, em vermelho, um trecho da reportagem, conforme o site a publicou, com todas as vírgulas a mais e a menos… 
Ele [Feliciano] esteve na sede da Igreja Batista Avivamento Profético, no bairro da Ribeira para participar de um culto que integrou o 20° Congresso do Poder Impacto Espírito Santo. Enfrentou manifestações contra e a favor no lado de fora do templo. Mas, a imagem marcante foi de Feliciano tentando esconder a cabeça com seu paletó para não ser reconhecido, com o objetivo de escapar do assédio de manifestantes ligados a grupos homossexuais e da imprensa, que o aguardavam no local.
Retomo“Enfrentar manifestação a favor” é coisa inédita no mundo, mas o jornalismo brasileiro avança por caminhos ignotos, e isso deve querer dizer alguma coisa. Será mesmo que Feliciano cobriu o resto para não ser reconhecido? Que sentido faria? Naquelas circunstâncias, proteger-se com um paletó teria mesmo o objetivo de “escapar do assédio”? O mais provável é que procurasse se defender de agressão física mesmo. Se vocês lerem o texto, perceberão que resta evidente o esforço para ridicularizar o deputado.
Agora GenoinoCom Genoino, é diferente. Vejam lá como ele aparece garboso na foto. O texto informa que ele participou de um programa de televisão e, vejam que coisa nova e surpreendente!, negou que tivesse havido mensalão. Criticou ainda o julgamento havido no Supremo, pautado, segundo ele, por “maniqueísmo fundamentalista”.
O condenado pela Justiça tem, portanto, lições de moral a dar. E não! Não se informa que o homem, cujo mandato já foi cassado pelo Supremo — agora só faltam as formalidades —, é membro da comissão mais importante da Câmara: a de Constituição e Justiça.
No programa, Genoino também negou que dinheiro público tenha alimentado o mensalão. O redator achou desnecessário observar que, só no Banco do Brasil, houve um desvio de R$ 73 milhões. Até Ricardo Lewandowski condenou Henrique Pizzolato, ex-diretor da instituição, por peculato.
Aonde Feliciano vai, os baderneiros vão atrás, com ampla cobertura da imprensa. Já José Genoino, o condenado que é membro da CCJ, é tratado como excelência e como pensador. O texto com o pensamento original de Genoino foi publicado no dia em que Lula se tornou, oficialmente, mais um investigado do mensalão.
Assim são os tempos.
Por Reinaldo Azevedo

Divulgação: www.jorgenilson.com

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